Como fazer uma boa capa de livro?
 



Dicas

Como fazer uma boa capa de livro?

Emilly Garcia


A capa é o primeiro contato do leitor com um livro. Assim como o título e a autoria, cores, imagens e fontes também são partes fundamentais de uma combinação que deve ser harmônica. O bom alinhamento destes elementos forma a identidade visual e torna o livro único.

Suponha que um leitor entre despretensiosamente numa livraria para comprar um romance. Certamente, ele irá se deparar com uma infinidade de opções, dentre as quais estará o seu livro, que foi cuidadosamente escrito, editado e revisado.

Muito provavelmente o leitor será atraído pelas capas que mais lhe chamarem a atenção. A partir disso, vai folhear, ler a sinopse até que decida comprar ou não. Esse exemplo vale, inclusive, para livros listados em lojas virtuais.

E como fazer uma boa capa de livro? Não há uma resposta pronta e unânime, pois depende muito dos propósitos do escritor, do gênero, tipo de leitor. Mas, para termos uma ideia global de como atingir esse objetivo, conversamos com Liz Quintana, que é designer, ilustradora, Doutora em Comunicação e Informação. Ela trabalhou como docente durante 14 anos no ensino superior, pós-graduação stricto e lato sensu em design. Participa de oficinas de criação literária infantil e juvenil. Participou de duas publicações de antologias: Minicontos de Amor e Morte (2018) e Banquete (Contos 2019). Publicou dois livros voltados para o público jovem "Traços" (2019) e "Chamas" (2022). Seu primeiro livro infantil "Iogurte", foi publicado em 2021 e em 2022 publicou "O Mistério do Picolé", em coautoria com Berenice Copstein, com quem tem um Podcast de histórias infantis - Abracachola Podcast. No Estúdio Liz trabalha com Design Editorial e Ilustração.



Cores, imagens, fontes. De que maneira esses elementos devem conversar entre si numa boa capa de livro?

Para a elaboração de uma capa, costumo fazer pesquisas que envolvem o contexto da história contada, as cores que estariam relacionadas ao assunto, mapas mentais, conceituais e, claro, a tipografia que pode contribuir para essa unidade e identidade. Um projeto de capa envolve elementos como formas e cores, e estes precisam contribuir para que o possível leitor se sinta atraído pela história.

A famosa expressão "não julgue um livro pela capa", na sua opinião, faz sentido no contexto da criação de capas de livro?

Acredito que nem toda boa capa carrega um bom conteúdo, assim como o contrário também é verdadeiro. Para trabalhar com criação na área editorial, é necessário se envolver com a história e deixar fluir as ideias. Com certeza, uma boa capa é capaz de conquistar mais leitores, já que é a primeira impressão sobre o livro.

O livro "Traços" (2019), que você escreveu e ilustrou, foi um dos finalistas do III Prêmio AEILIJ de Literatura, na categoria juvenil. Como foi viver essa experiência?

Foi realmente emocionante ver meu primeiro livro ser finalista em um prêmio nacional. Todo o preparo em relação ao texto, ilustrações e capa foram reconhecidos, e isso é uma grande conquista. Quando vi o livro entre outros finalistas, me senti honrada e até hoje me deixa muito feliz, estimulada por esta e outras conquistas.

Hoje em dia, muitos autores estão optando pela autopublicação, o que inclui, por vezes, a concepção da capa em sites ou aplicativos, sem que se tenha um conhecimento técnico aprofundado de ilustração e diagramação. Na sua visão, a melhor opção ainda é contratar um profissional da área?

Os custos para um autor independente publicar são realmente elevados. Entendo que às vezes é a forma possível para seguir um projeto. No entanto, é inegável que a formação em design faz muita diferença na elaboração de um projeto editorial (capa, diagramação e design).

Sou designer e trabalhei muitos anos na área acadêmica, participei da formação de muitos designers e sei o quanto os conceitos e a prática experimental ao longo dos cursos superiores permitem não só um olhar diferenciado, mas a flexibilidade e o conhecimento para distinguir o que é gosto do que é técnica.

É bastante comum a confusão em função da associação do design apenas com a estética dos projetos, porém, trabalhar com design é muito mais que isso. Com conhecimento é possível argumentar com o cliente e trazer opções que se fundamentam em ergonomia, qualidade de leitura, organização de informações, melhor formato (dimensões do livro), uso adequado da cor e qualidade de impressão, entre tantos outros aspectos relevantes em um projeto.

Não tenho dúvida de que ao procurar um profissional do design, que seja sério e comprometido, o resultado deverá ser de melhor qualidade.



Dentre todos os livros que você já leu na vida, tem alguma capa que goste mais e que considere única?

É realmente difícil escolher uma capa em um universo tão encantador para mim. Desde criança sempre tive enorme atração por ilustração e já experimentava de diversas maneiras aquilo que hoje é minha atividade profissional. Vou citar quatro que me chamam muita atenção em diferentes aspectos, mas com certeza não são as únicas.

O livro "Amanhã" (Pequena Zahar, 2022) da autora e ilustradora, Lúcia Hiratsuka; "Obrigado" (Pulo do Gato, 2020) do autor, ilustrador e responsável pelo projeto gráfico, André Neves; "Harvey: Como me tornei invisível" (Pulo do Gato, 2012), escrito por Hervé Bouchard, ilustrado por Janice Nadeau e traduzido por Luciano Vieira Machado; e "Os lobos dentro das paredes" (Rocco, 2006), de Neil Gaiman, ilustrado por Dave McKean e traduzido por John Lee Murray.

 

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